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Mostrando postagens de junho, 2010

Uma pintura de Espedito Faleiros

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Insatisfeito e angustiado.

Do meu lado, eu já estava formando dois filhos: uma filha enfermeira-padrão e um outro, farmacêutico-bioquímico. Pois bem, a luta foi tão grande que, quando eu entrei nesta fazenda, eu não gostava de bebida com álcool. Quando eu saí, eu já estava enrolado com o álcool. Antes de aparecer o fracasso, eu já tinha entregado esta fazenda. Eu mudei para o sítio e, neste período, a família mudou para Franca, sem a minha vontade. Eu tinha liquidado as minhas dívidas, mas depois, eu tive mais despesas com agrimensor, de cerca, de registro, e tantas coisas mais. Eu formei outras dívidas, inclusive um restinho que eu devia para minha irmã. Nesta época em que a família já estava em Franca, fiquei com uma casa muito boa, grande, reformadinha, o sítio e um fusca muito bom. Mas eu devia. Portanto, eu fiquei enrolado entre Cássia e Franca, e a casa de Cássia, e o sítio, e a dívida, e o alcoolismo, e insatisfeito e angustiado. E comecei a fundar o caminho de Franca á Cássia e o sítio. Logo, eu vendi a

Tratamento em Ribeirão Preto

Mais uma vez consegui vencer os negócios enrolados, mas o alcoolismo, eu não pude com ele. Ele estava me triturando, tudo parecia um gigante na minha vida. A minha filha já estava, nesta época, trabalhando na clínica de Ribeirão Preto. Um médico que trabalhava lá, disse que tirava o alcoolismo  com um tipo de tratamento, internado num apartamento fechado e com um regime de ficar sem comer quarenta dias, comendo apenas umas coisinhas pesadas na balança, questão de gramas. E não deixou espelho, para eu não ver o meu rosto. Eu não sabia, eu fui secando de fraco. Eu, no meio de um ar contaminado, peguei uma pneumonia aguda. Eles fizeram uma broncoscopia, com anestesia geral. Eles me disseram que eu estava tuberculoso, e eu ia fazer o tratamento contra a tuberculose, mas que eu poderia ir em casa e depois retornar. Mas foi diferente. Eu fui para o meu sítio e comecei a comer uns ramos que tinha lá em redor. 

E lá se vai o sítio

Fiz um financiamento no banco, organizei os vizinhos e fizemos compra em conjunto. Aramos tudo por etapa, e depois de plantado eu ia tocar as roças na enxada, eu mesmo. E assim foi. Eu formei uma belíssima roça de milho. Eu não fui me tratar é coisa nenhuma. Eu dei uma "banana" para este médico. Pois bem, eu passei mais ou menos uns quatro meses sem beber, mas eu achei que estava curado e provei um copo de cerveja. Começou tudo de novo. Eu continuei na estrada do sítio e Franca, isto, de quatro a cinco anos, mais ou menos, para ficar livre de estar andando, mas o ministro da Fazenda, Delfim Neto, deu um fim na economia do Brasil, porque ele levou a poupança lá prá cima e ninguém queria nada, nem comprar, nem alugar. Isto foi toda vida. Nisto, eu não podia cuidar de nada, mas despesa de imposto e coisa aqui e ali vai formando dívida e, antes que o mal cresça, corta a cabeça. Pois bem, nesta época, se eu ficasse no espeto, ficava assando, e se eu saísse do espeto, caía na brasa

Saindo da garra do monstro

Eu fui dar o fim deste álcool em 88, mas eu tenho toda a certeza que não foi propriamente eu, mas é que chegou o fim de alguma prova. De todo o jeito, o resumo é este: foi Deus. Deste espaço, de 84 a 88, eu não vou escrever o acontecido, porque não edifica. É só bobeira e sofrimento, sem história. Mas em 88, quando eu saí da garra deste monstro, eu fui respirar bem fundo, e ver e sentir que dentro de mim estava o Espedito. "Ainda ele está aqui", eu pensei, "será que sou eu mesmo?" De imediato peguei uma marcenaria da entidade Samaritana. Um barracão grande. Na verdade, eu nunca trabalhei assim, com tanta máquina. Ainda não sabia manejar elas, mas comecei e fui fazer uma mesa. E fiz a mesa. Depois da mesa pronta, eu fui raciocinar. Eu disse: "Puxa, se eu fiz esta mesa é porque eu sabia. Então eu sou o mesmo Espedito, que faz tudo o que toca para fazer, e tudo o que eu aprendi a fazer esta inteirinho dentro de mim". As experiências de vida estavam tudo na me

Alegria

Pois bem, fui andando a pé de casa para a marcenaria, sem pressa, muito feliz, como uma criança, satisfeito da vida que Deus me preservou. Eu toquei esta marcenaria por dois anos. Depois eu fiz uma cobertura no fundo do quintal e eu mesmo fiz as máquinas, e formei um jeito de trabalhar. Fui ampliando cada vez mais. Estou até a data presente de 2001, nesta casa que estou morando. Isto me parece que foi em 87, no mesmo ano que nasceu meu quarto neto, Leandro. Voltando ao meu assunto, me parece que em 94 foi vendida uma casa no Paraíso. Eu fui ver o seu preço. Estava no mesmo preço de quando compramos a nossa, já com 8 anos, só dando despesa, nenhum aluguel sendo pago. Aí vendemos, mas á prestação, com preço "micharia", que nós não vimos o dinheiro acabar. Eu achei foi muito bom, porque com isso o alcoolismo-monstro chegou ao fim.

Muitas marcas

Pois bem, aqui estou tocando a vida. O único que sobrou desta história, fui eu mesmo. Eu não consigo escrever tudo, cada martírio da vida, cada casa que eu fiz, cada barracão, cada curral, quantas bacias eu pus fundo, quantas lamparinas eu fiz, eu não sei quantas moringas, potes e vasos eu fiz, quantas peças de madeira eu fiz, sendo que muitas delas ainda existem. E hortaliça, lavoura, pomar... Enfim, por onde eu passei, eu deixei marca de coisas que eu fiz, e deixei história na memória de gente que me conheceu. Mesmo recentemente, eu fiz duas casas. De dois anos prá cá, eu estou fazendo o que eu nunca fiz: escrever numa máquina de escrever. Eu comecei a escrever a mão, depois eu arrumei uma máquina mecânica. Como eu não tenho datilografia, eu não me importo, eu escrevo do jeito que eu quero. Não é o meu objetivo a técnica de escrever, mas é eu conseguir me expressar, é comunicar o meu conhecimento. Outra coisa que não é o meu objetivo é aprender a escrever corretamente. Por quê? Eu se

Antepassados

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                            Antônio Maia da Silveira, avô materno de Espedito Eu estava com vontade de saber dos meus antepassados, mas eu desisti, porque eu fui pensar no pai da minha mãe, o Antônio Maia da Silveira, e eu não tenho notícia de quem era o seu pai, e nem de onde veio. Então eu disse: "Este caiu do céu". A mesma coisa o vô da Cilica, José de Bastos, este também "caiu do céu". Para me aprofundar mais, eu teria que envolver o resto da minha vida e teria que gastar muito.  Mas eu faço aquilo que eu sei, e passo para a família, pelo menos da minha existência para a frente, incluindo ainda alguns dos mais antigos. Eu descobri que esta geração Faleiros é patronada no Brasil. Os que vieram como imigrantes, tinham que trabalhar nas fazendas, com um certo contrato. Me parece que tinha um código, uma lei, naquela época, de patrono. Seria uma ética respeitada. Me parece que este patronado tirava um documento com o governo, de comprar um título de terra, que era

O Faleiros que caiu do céu.

Meu trisavô do lado materno, das minhas avós, era um Faleiros que "caiu do céu", quando ele veio prá região. Aonde eu nasci, que era conhecido como "os Faleiros", os meus pais diziam muita coisa deste Faleiros, porque eu perguntava demais. Eles diziam que quando este Faleiros veio, era tudo mata virgem. Não tinha caminho. Ele é que abriu uma picada dentro da mata, e foi andando até achar um "corgo", que hoje é conhecido como "Santa Maria". Isto que ele marcou, era mais ou menos uns 20 quilômetros quadrados, que significa, de perto de Capetinga até perto de Cássia. Isto prova, porque tinha e tem uma sede á três quilômetros de distância de Cássia, e, tinha outra na mesma distância de Capetinga. Estas sedes eram dos filhos deste Faleiros, e a maioria delas está em boas condições. E parece que são dez casas que servem de prova de muita coisa. A história contada pelos nossos pais, é que estas terras foram tomadas por posse direto do governo. Eram adqu

Antepassados do lado paterno.

Agora eu vou falar dos meus antepassados do lado paterno, que também eram Faleiros. Estes Faleiros, eles eram muito difíceis de se casarem, a não ser com membros da família. O meu bisavô, eu não sei de onde ele veio, se era português ou espanhol. Uma pessoa bem conhecedora de idioma me disse que este nome "Faleiros" indica espanhol, mas escrito com "x" no final e não "s": "Faleirox". De forma que este bisavô também caiu do céu . Este patrono, José Justino Faleiros, era de Patrocínio Paulista. Como eu não tenho documento nenhum, eu fui fazendo a conta por mim mesmo, das datas que eu conheço, e também das datas do papai. Eu fui descobrindo a época de cada um, e deu certo, pelas datas das cidades como Franca e Cássia.  Coisa interessante é um raciocínio. Eu descobri que o meu avô casou na mesma idade em que eu casei, por três pistas: uma é eu me lembrar que o papai era o segundo filho, a sua irmã era mais velha um ano e nove meses; a outra pista é

Quatro gerações

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De forma que, começando com este que caiu do céu, que é o patrono José Justino Faleiros, da época do seu nascimento em 1800, calculo seu filho Francisco Justino Faleiros, nascido em 1830 e, calculo  o neto José Justino Faleiros, nascido em 1863, e o bisneto Joaquim Faleiros Sobrinho nascido dia 20 de maio de 1885 e o trineto Espedito Faleiros, nascido em 29 de agosto de 1931.                                         Francisco Justino Faleiros                                    José Justino Faleiros e Ciana                                         Joaquim Faleiros Sobrinho

A história profissional de Espedito Faleiros(1)

Eu comecei na lida de café. Conheço a fundo como produzir café, conheço secagem e o ponto de beneficiar o café. Conheço torragem e também sei o que é bom ou não na bebida café. Conheço também o movimento de engenho de moer cana, fazer rapadura e açúcar de forma. Também faço monjolo e sei torrar a farinha de milho. Sei o cultivo de qualquer tipo de lavoura e a maneira de preparar para armazenagem. Conheço qualidade de terra, se é produtiva ou não. Entendo de garimpo de diamante, conheço o cascalho que pode dar diamante. Sei trabalhar em gupiara e manchão.  Já medi terra, sei correr rumo de divisa, sei escolher lugar apropriado para sede ou moradia. Enfim, de todo o movimento que existe no campo, eu já trabalhei.  De hortaliça sou um fanático e muito abençoado em tudo o que já plantei.

A história profissional de Espedito Faleiros(2)

Falando de serviço de pedreiro, não é só de serviço de pedreiro que se faz uma casa. Precisa de diversos profissionais como encanador, carpinteiro, assentador de piso, pintor e muitos mais. Mas quando eu pegava uma sede, eu entregava tudo pronto. É claro que ás vezes eu tinha gente prá me ajudar, mas o saber era meu. Eu tenho vontade de sair de carro para contar as construções que fiz e que estão de pé. Eu sou folheiro ou caldereiro funileiro. Eu também sou ceramista que faz pote, sou marceneiro, tenho prática em reforma de móveis e faço artesanato. De madeira, faço tudo o que dá prá fazer. Muitas vezes eu inventava algumas coisas, mas não tinha recursos nem tempo para fazer. Mas numa ocasião eu fiz um relógio tocado á água e ele funcionou até enferrujar, porque ele era feito de lata de óleo. Eu também já serrei madeira com serra de mão e já tirei tábua lavrando a madeira com machado. Eu sou o maior "economista" do mundo: tudo o que eu fiz e faço, o dinheiro faz fartura, porq

Pequenas marcas

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