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Mostrando postagens de agosto, 2010

Aonde eu nasci

Eu, Espedito Faleiros, nascido em 29 de agosto de 1931, contando o meu passado. Aonde eu nasci é em um lugar chamado “Corgo Santa Maria”. No cartório este nome era “Fazenda Santa Maria”, ou “Região Santa Maria”, e era conhecido lá nos Faleiros. Este lugar é no Município de Cássia, Minas Gerais. Essa região era muito grande, era muito movimentada. Aonde eu nasci era a cabeceira deste córrego. A distância de lá à Cássia era três léguas. Neste local meus pais tinham um sítio de dois alqueires, com bastante água corrente. Tinha monjolo, tinha engenho, fazia rapadura e açúcar. A mamãe fazia farinha de milho e de mandioca. O papai plantou um grande pomar com grande variedade de frutas e também um pouco de café. Era uma fartura ! A casa em que eu nasci era feita de pau-a-pique, amarrada com cipó, barriada com barro de terra e rebocada com estrume de vaca e areia. A pintura era só com cal virgem. Esta casa tinha uma sala grande, um quarto grande, uma cozinha grande e uma despensa pequena

Irmãos

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Amélia e Joaquim, pais de Espedito Pois bem, eu nasci nesta casa e eu era o caçula. O meu irmão mais próximo era mais velho do que eu oito anos, e era uma irmã. O seu nome era Sebastiana. O Euclides era mais velho dez anos, e o Alcino, mais velho doze anos. Esta Sebastiana era considerada caçula, mas o tal do Espedito, temporão, tomou o lugar da Sebastiana. Eu tinha mais um irmão, mais velho de todos, e o seu nome era José, e uma irmã abaixo deste José. Esta irmã era casada e estava no segundo filho. Ela me deu mamá. Ela foi irmã e mãe de leite. A minha mãe contou que ficou muito tempo sem criar e o peito não queria mais funcionar. Mas a minha irmã tinha muito leite e me associei com meu sobrinho. Mas, por sorte, a mamãe revigorou o peito e ainda deu prá mamar até os três anos. No final desta historinha, quando eu me entendi por gente, eu estava no canto da cama de mamãe. Eu já tinha tirado o reboque da parede e estavam só os amarrados de cipó e as ripas. Nesta época existi

Brinquedos&Livros

 Pois bem, eu tive uma infância longa. Eu fui privilegiado em muitas coisas na minha infância. Eu aproveitei a fartura que tinha. Meus pais não colocaram na minha infância coisas de adulto. Eu, por mim mesmo as copiava: as coisas que eu via. Mas o dia era pequeno para mim, de tanta coisa que eu inventava. Fazia os brinquedos do que existia na época. Eu fazia roça, eu plantava, eu fazia a cerquinha, fazia monjolinho e daí por diante. Quando eu estava com dez anos, o papai me colocou numa escola que tinha perto da nossa casa. Esta escola funcionava numa tulha de pôr café e tinha também um terreirão de secar café, que era aonde nós curtíamos o recreio. Nesta escola eu passei a ser amigo do proprietário daquele local. Era uma amizade em que nos considerávamos como irmãos. Mas, o que regulava o tempo da escola eram os livros. Tinha o primeiro livro que valia o primeiro ano, tinha o segundo livro que valia o segundo ano e daí por diante. Tinha o terceiro livro, o quarto livro e, o quinto l

A vida entre a seca e a guerra

Quando eu terminei a minha escola, já estava sentindo muita vergonha da minha casa, de ser muito grosseira, não tinha quarto, tudo muito rústico. Eu e os dois irmãos, nós dormíamos na sala, num catre. De dia, enrolávamos o colchão de palha. O restante do catre servia de banco. A minha irmã dormia no quarto. Mas, nesta época, já casou o Alcino e, depois de uns seis meses, casou a Sebastiana. Ficou eu e o Euclides. Eu tirei os "trens" da despensa e fiz um quarto para mim e o Euclides. Era eu quem comandava a responsabilidade do que tinha que fazer. Nestas alturas, eu já estava com treze anos. Nisto já era 1944. Nesta época começou uma seca que durou três anos. Nós estávamos com quatro anos de Guerra Mundial. Então, misturou seca com guerra. Foi o maior sufoco: era rumor de guerra, tudo seco e queimando. Em 45, a guerra acabou e começou a chover. O papai melhorou de saúde. Nisto eu já tinha os meus catorze anos. Mesmo assim, com todas estas super-lutas, eu ainda arranjei um t

Antonieta

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Antonieta e Espedito Em 1951 eu me casei com Cilica. Seu nome era Antonieta Bastos. Ela, depois de casar, passou a assinar Antonieta Bastos Faleiros. Ela era filha do Francino José Bastos, filho do José Bastos, que tinha o apelido de Zeca Bastos. Este "caiu do céu", pois eu não sei do seu antepassado. A mãe da Cilica era irmã da minha mãe. Ela assinava Maria Rufina Silveira, filha do Antônio Maia Silveira e de sua mulher Maria Rufina Paula. Este tal Antônio Maia também caiu do céu", pois eu não sei do seu antepassado. Voltando ao meu casamento, eu me casei em 28 de junho de 1951. Eu ia completar 20 anos em 29 de agosto do mesmo ano. Nestas alturas, eu já tinha reformado uma casinha que tinha no nosso terreiro de secar café. A casinha era de três cômodos: o quarto era de três metros por dois e meio; a sala era um e meio por três; a cozinha era tipo varanda, de fora a fora, de metro e meio de largura. Na ponta eu fiz